Milton Luiz Pereira (1932-2012)
Uma dessas pessoas é o Sr. Milton Luiz Pereira, ex-Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), falecido na madrugada desta quinta-feira, dia 16.02.2012, apenas sete horas depois da morte de sua esposa, Sra. Rizoleta Mary Pereira. Ambos estavam com câncer, ele no pulmão e ela no cérebro.
O Sr. Milton nasceu no dia 09 de dezembro de 1932, em Itatinga (SP), porém foi criado no Paraná. Formou-se em Direito na Universidade Federal do Paraná. Foi Juiz Federal, titular da 2. Vara da Seção Judiciária do Paraná, Juiz do Tribunal Regional Federal da 3a. Região (1989) e Presidente do Tribunal Regional Federal da 3a. Região (1989-1991). Entre 1991 e 2002 foi Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde se aposentou por limite de idade. Atualmente, residia em Curitiba (PR).
Antes, porém, de ingressar na magistratura federal foi prefeito em Campo Mourão (PR) entre 1964 e 1967. Apesar da curta atividade política, não o confunda, caro leitor, com a escumalha que tanto hoje envergonha a nação.
O Sr. Milton foi de uma honradez e probidade inquestionáveis. Homem público e cidadão exemplar, a quem devemos nossa homenagem e respeito nesse momento de luto.
O Sr. Milton e sua esposa Rizoleta, no dia da entrega do fusca, em 1967.
Sua administração como prefeito em Campo Mourão é considerada, até os dias atuais, como referência em gestão pública. Era tão querido que, quando saiu da Prefeitura em 29 de abril de 1967 para encampar a magistratura federal, ganhou de presente da população um fusca zero kilômetro! Azul real sua cor; os bancos com capas pretas; os revestimentos de porta eram claros. O motor já era de 1300 cilindradas. Por conta desse acontecimento, tão marcante para a cidade, comemora-se na cidade o Dia Municipal do Fusca exatamente no dia 29 de abril, data em que o Sr. Milton ganhou o fusca.
Segundo reportagem feita pela equipe da Folha de Londrina em junho de 2010 o ex-Ministro assim relembrou aquele episódio: (http://pedrodaveiga.blogspot.com/2010/06/43-anos-com-o-fusca-azul.html):
- Quando eu estava para transmitir o cargo para o vice-prefeito, vi o Fusca, em frente à prefeitura. Então me disseram que era um presente para mim'. Não tinha a menor ideia de que estavam planejando isso. O carro custou 4,3 milhões de cruzeiros. Embora existissem veículos bem mais caros na época, o Fusca tinha acessórios, não foi barato. E foi um presente da população mesmo: uns dois ou três fazendeiros da região poderiam ter bancado sozinhos o presente, mas eu vi a lista de adesão e foi realmente um presente de toda a população de Campo Mourão. Havia uma ou outra contribuição maior, mas de resto as contribuições eram modestas. Na lista, existia até o registro de um morador que havia dado uma galinha para ajudar a comprar o carro. A galinha foi vendida numa feira por 1,5 cruzeiro, e esse dinheiro foi usado na compra''. O Sr. Milton nunca se desfez do carrinho. Segundo ele mesmo relata "por respeito ao presente da população de Campo Mourão e pelo afeto ao carro."
O manteve sempre original, com cuidado e carinho até esta data. Afinal, mais do que um carro, era um troféu, símbolo do reconhecimento espontâneo de uma comunidade pelo trabalho e conduta irrepreensíveis que manteve frente à Prefeitura. Todavia, ao invés de guardar esse troféu numa estante em sua sala de estar, o Sr. Milton o guardava cuidadosamente em sua garagem.
Aquele fusca não era somente uma máquina feita de aço, alumínio, vidro, borracha e tecido; tampouco, um (confiável) meio de transporte usado por muitos anos. Aquele fusca era a expressão mais pura da gratidão de um povo. E não por feitos heróicos ou sobre-humanos empreendidos. Aquele fusca exprime a decência, a honestidade, o caráter inabalável, o respeito à coisa pública e ao cidadão. Toda vez que o Sr. Milton olhava aquele carrinho, era disso que ele se lembrava. Esse mesmo fusca, que o acompanhou nos últimos 45 anos, foi testemunha ocular da retidão de seu fiel proprietário.
O Fusca, da primeira série dos 1.300, tem hoje 95% das peças originais. ''Só troquei o que tinha que trocar: carburador, peças enferrujadas, mudei a voltagem'', relata o proprietário. Em 1967, após deixar a Prefeitura de Campo Mourão, Milton Luiz Pereira foi nomeado juiz federal e voltou para Curitiba, onde atuou por 23 anos. Depois, trabalhou em São Paulo e em 1991 tornou-se ministro do STJ, onde ficou até 2002, quando ocorreu sua aposentadoria compulsória.
Nessa trajetória, o Fusca azul foi junto. O ministro aposentado explica que não vende o veículo por duas razões: pelo respeito ao presente da população de Campo Mourão e pelo afeto ao carro.''Não me desfaço dele, não vendo. Às vezes, quando paro no sinaleiro, me perguntam se não quero vender o Fusca. Mas a estima que eu tenho pelo carro não tem preço'', garante.
Há três anos, a Associação dos Proprietários de Fuscas de Campo Mourão escolheu 29 de abril, o dia em que o presente foi entregue em 1967, para instituir o Dia Municipal do Fusca. ''Ele faz parte da minha vida e da vida da minha família. Todos os meus netos, quando chegam a três, quatro anos, tiram uma foto em cima do Fusca. É uma tradição'', conta Pereira.
Comenta-se que, certa vez, em dia chuvoso em Curitiba (afinal, qual dia não chove nessa cidade?), o Sr. Milton saiu a serviço com o carro oficial durante o horário de expediente. O motorista que dirigia a viatura, conhecendo de longa data a esposa do Sr. Milton, subitamente a viu andando pelo passeio, de sombrinha. O chofer fez menção de parar o carro e oferecer-lhe uma carona, afinal, estava chovendo. O Sr. Milton foi incisivo na reprimenda. "Não confundamos as coisas, estamos a trabalho, siga em frente!"
Em outra ocasião, já aposentado, o Sr. Milton foi convidado para as tais cerimônias que soem acontecer nos meios judiciais. No local do evento - o prédio da Justiça Federal no bairro do Ahu em Curitiba - há vagas de estacionamento reservadas exclusivamente aos magistrados. Na ocasião do convite, o cerimonial comunicou ao Sr. Milton que ele poderia estacionar nas vagas destinadas aos Juízes. Nada mais justo, pois, além de Juiz Federal aposentado, foi ex-Ministro do STJ. No dia programado para a solenidade, adivinha quem chegou de fusca? Sim, lá estava o Sr. Milton a bordo de seu inseparável sedan 67. Quando começou a manobrar o besouro em direção ao privativo dos Juízes, um dos seguranças do local (que não o conhecia, obviamente) o admoestou verbalmente, informando que aquelas vagas eram destinadas apenas aos Juízes e que ele não poderia estacionar. Não passou pela cabeça do segurança que um Juiz Federal, ex-Ministro do STJ, andasse de fusca! O Sr. Milton, um gentleman por natureza, tentou esclarecer que havia sido autorizado a estacionar naquele local. Nesse momento, a passos rápidos, chega, ofegante, um dos representantes do cerimonial; a tempo e a hora, esclareceu ao guarda que aquele fusquinha podia, sim, entrar no estacionamento dos Juízes. Com toda pompa e circunstância o fusquinha tomou o seu lugar no estacionamento! Afinal, o fusca tinha toga, sim senhor!
Nessa trajetória, o Fusca azul foi junto. O ministro aposentado explica que não vende o veículo por duas razões: pelo respeito ao presente da população de Campo Mourão e pelo afeto ao carro.''Não me desfaço dele, não vendo. Às vezes, quando paro no sinaleiro, me perguntam se não quero vender o Fusca. Mas a estima que eu tenho pelo carro não tem preço'', garante.
Há três anos, a Associação dos Proprietários de Fuscas de Campo Mourão escolheu 29 de abril, o dia em que o presente foi entregue em 1967, para instituir o Dia Municipal do Fusca. ''Ele faz parte da minha vida e da vida da minha família. Todos os meus netos, quando chegam a três, quatro anos, tiram uma foto em cima do Fusca. É uma tradição'', conta Pereira.
Comenta-se que, certa vez, em dia chuvoso em Curitiba (afinal, qual dia não chove nessa cidade?), o Sr. Milton saiu a serviço com o carro oficial durante o horário de expediente. O motorista que dirigia a viatura, conhecendo de longa data a esposa do Sr. Milton, subitamente a viu andando pelo passeio, de sombrinha. O chofer fez menção de parar o carro e oferecer-lhe uma carona, afinal, estava chovendo. O Sr. Milton foi incisivo na reprimenda. "Não confundamos as coisas, estamos a trabalho, siga em frente!"
O Sr.. Milton, orgulhoso, ao lado do seu companheiro de vida.
Em outra ocasião, já aposentado, o Sr. Milton foi convidado para as tais cerimônias que soem acontecer nos meios judiciais. No local do evento - o prédio da Justiça Federal no bairro do Ahu em Curitiba - há vagas de estacionamento reservadas exclusivamente aos magistrados. Na ocasião do convite, o cerimonial comunicou ao Sr. Milton que ele poderia estacionar nas vagas destinadas aos Juízes. Nada mais justo, pois, além de Juiz Federal aposentado, foi ex-Ministro do STJ. No dia programado para a solenidade, adivinha quem chegou de fusca? Sim, lá estava o Sr. Milton a bordo de seu inseparável sedan 67. Quando começou a manobrar o besouro em direção ao privativo dos Juízes, um dos seguranças do local (que não o conhecia, obviamente) o admoestou verbalmente, informando que aquelas vagas eram destinadas apenas aos Juízes e que ele não poderia estacionar. Não passou pela cabeça do segurança que um Juiz Federal, ex-Ministro do STJ, andasse de fusca! O Sr. Milton, um gentleman por natureza, tentou esclarecer que havia sido autorizado a estacionar naquele local. Nesse momento, a passos rápidos, chega, ofegante, um dos representantes do cerimonial; a tempo e a hora, esclareceu ao guarda que aquele fusquinha podia, sim, entrar no estacionamento dos Juízes. Com toda pompa e circunstância o fusquinha tomou o seu lugar no estacionamento! Afinal, o fusca tinha toga, sim senhor!
Bom Galera espero que tenham gostado, para vermos que o fusca conquista a todos e para o Sr Milton era mais apego ainda por ter sido um presente por seu reconhecimento e acabou virando o seu xodó, como todos do Fusca Clube Panambi, cada um tem o seu fusca, o seu besouro, o seu xodó, com seu ano e estilo um diferente do outro.
Que lição de vida. Nos dias atuais acho que não existem mais políticos que ganhariam um carro deste, ainda mais por um motivo tão nobre!
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